Projeto Edifício Administrativo Centro de Artes UFES
Edifício Administrativo do Centro de Artes da UFES
(Univ. Federal do Esp. Santo)
Data: 2011
O edifício administrativo do Centro de Artes fica localizado no Campus da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) vem fazer parte do planejamento recente de expansão desta universidade. Pensado inicialmente para abrigar secretarias, salas de reunião, salas de chefia e coordenação acadêmica, o projeto também incorporou salas de pós-graduação, ateliers criativos, salas de reunião, orientação, atendimento, além de áreas para realização de eventos científicos e um hall de exposições. O edifício, cuja construção finalizou-se em Fevereiro de 2011, atende às atividades dos cursos de arquitetura e urbanismo, artes plásticas, artes visuais, desenho industrial, comunicação social e música, todos integrados ao centro de artes da UFES.
Desde os croquis iniciais, os arquitetos já investigavam a dinâmica do movimento das pessoas pelo campus, seus trajetos, seus caminhos preferidos, uma vez que, por se tratar de uma extensa área verde, muitos “atalhos” e trajetos informais sobrepunham-se às pavimentações existentes, ditas “oficiais”. O campus, com localização privilegiada na cidade, próximo a bairros residenciais, ruas de lazer, constitui para muitos moradores e frequentadores deste entorno uma área significativa de lazer, cultura, serviços, procurada para eventos cotidianos, como passeio com cachorros, encontros em cinemas, cafés, teatros, realização de serviços em bancos, consultas a bibliotecas, todos estes equipamentos dispersos numa extensa área verde. Tendo em vista essas rotinas diárias de alunos, funcionários e freqüentadores, foram realizados alguns mapas processuais na tentativa de cartografar e dar forma visível aos percursos, tanto formais quanto informais, e assim analisar um pouco da dinâmica de circulação deste contexto rico e diversificado. O resultado pode ser visto nas imagens abaixo
O edifício buscou-se acomodar em um espaço vazio ao redor de importantes eixos de circulação do campus universitário, reforçando e dando novos significados à experiência de circulação numa das áreas mais verdes do complexo. A escolha da área para a implantação do projeto obedeceu aos seguintes critérios: a necessidade de remoção de uma única árvore, a não interferência no conjunto edificado existente, a possibilidade de orientação mais próximo possível do eixo Leste-Oeste, permitindo iluminação natural favorável, a distribuição das aberturas para o conjunto arbóreo localizado a sudeste, proporcionando visuais agradáveis para todos os ambientes e o afastamento aos eixos viários existentes, diminuindo o impacto da poluição sonora e do ar. Estes últimos fatores buscam minimizar o uso de condicionamento artificial a partir de uma organização das aberturas mais coerente com as características do entorno.
Considerava-se enquanto direcionamento geral do projeto a busca por estratégias de como o projeto do edifício poderia se tornar uma parte desta dinâmica, procurando construir diálogos significativos com alguma parcela da experiência cotidiana de percurso dos alunos, funcionários e visitantes do campus. Elementos construtivos de circulação como rampas e passarelas, áreas de estar abertas, aparecem desde os primeiros esboços do projeto, imaginadas como possíveis interfaces entre a arquitetura e a rotina do contexto no qual o projeto viria a fazer parte. Ao longo do processo de projeto, estes elementos passaram a ter cada vez mais importância nas relações entre o projeto e os possíveis modos de apropriação da arquitetura pelos usuários, influência que se desdobrou na organização dos acessos ao edifício, na escolha das áreas de encontro anexas às áreas de circulação, na incorporação de um hall de entrada, que também permite a montagem de exposições, deixando as salas de pesquisa e outros setores administrativos mais afastados do fluxo, e assim ganhando mais privacidade e silêncio.
A rampa foi paulatinamente assumindo um caráter de “extensão” dos fluxos existentes, e mediando com suavidade a transição dos espaços públicos para os mais privativos, das áreas abertas para salas de aula e pesquisa, e tornando a separação edifício x exterior uma experiência suave e quase imperceptível para quem por lá transita.
O projeto possui uma área construída de aproximadamente 1400 m2 e é hoje uma das mais recentes obras do projeto de reestruturação física da Universidade Federal do Espírito Santo. Recentemente abrigou o VI Encontro Latino-americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis.
Este projeto buscou incorporar algumas questões que os arquitetos consideram fundamentais para o projeto contemporâneo: o olhar atento para aspectos da microrealidade local, a criação de estratégias duráveis na relação da arquitetura com o contexto, o envolvimento em primeiro plano com os usuários e a sempre necessária investigação de novos modos de interação com as pessoas, respeitando a individualidade de seus hábitos e rotinas.
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O projeto foi elaborado pelos arquitetos e professores do Departamento de Arquitetura e Urbanismo Bruno Massara e Homero Penteado e desenvolvido no Laboratório de Planejamento e Projetos.