Arquitecturas Colectivas: a construção participativa do espaço urbano e arquitetônico
INTRODUÇÃO
A plataforma online Arquitecturas Colectivas: red internacional de colectivos exemplifica um fenômeno recente e em expansão relacionado à produção dos espaços urbano e arquitetônico contemporâneos que é a emergência de grupos auto-organizados de ação e transformação da cidade. É possível considerar tais grupos como manifestações de um desejo de superação das tradicionais formas de planejamento régio. Suas atividades são postas em prática por uma associação coletiva entre arquitetos, urbanistas, designers, artistas, gestores, ativistas, moradores e usuários comuns, em grande parte motivados pela possibilidade de agenciar uma transformação mais direta e efetiva em seus espaços de vida e uso cotidiano. Estas organizações descentralizadas e articuladas em rede vêm ganhando força por intermédio das plataformas e redes digitais de troca e compartilhamento de informações a partir das quais conseguem agenciar e viabilizar projetos de intervenção urbana que incluem: eventos temporários, atividades socioculturais, equipamentos públicos dentre outras várias soluções dedicadas a tornar a experiência urbana mais rica e significativa para seus usuários. Arquitecturas Colectivas refletem, tomando como referência a abordagem de Marcos Rosa (2011) uma nova forma de organização em escala local e uma nova atitude com relação a vida coletiva no meio urbano. A plataforma online construída para agrupar as informações sobre os grupos envolvidos encontra-se disponível e em expansão, e reúne um conjunto significativo de referências além de oferecer um vasto campo de estudo para a compreensão dos modos através dos quais e organizam metodologicamente e de que forma podem contribuir para a reflexão sobre modos de ação sobre este complexo tecido de atividades e relações que é a cidade contemporânea.
OBJETIVOS
O objetivo principal deste subprojeto é, no âmbito do projeto de pesquisa Estudos Contemporâneos: linguagens, táticas e princípios operativos de projeto, instaurar um processo de decodificação da rede internacional de coletivos visando sistematizar sua estruturação de organização e operação. Os objetivos específicos incluem a análise dos seguintes aspectos:
. avaliar criticamente e interpretar as principais abordagens conceituais utilizadas para sustentar e justificar o posicionamento político e as ações estratégicas dos coletivos pertencentes à rede frente à complexidade dos problemas urbanos a que se propõem resolver;
. analisar e identificar quais são os critérios mais significativos utilizados para a organização e a distribuição de conteúdo na plataforma online, tendo em vista o fato desta configurar a mais importante e relevante estrutura de comunicação e agenciamento de informações de toda a coletividade pertencente à rede;
. estudar que tipo de situações-problema e que tipo de contextos urbanos são prioritariamente abordados pelos coletivos que fazem parte desta rede, considerando que para os estudos de complexidade é essencial entender o modo através do qual nos posicionamos diante da realidade que pretendemos alterar;
. analisar a estrutura de trabalho dos coletivos implicados na rede, o que demanda entender aspectos como a procedência, a formação e a configuração profissional dos membros que constituem tais coletivos;
. identificar quais são as estruturações metodológicas que fundam as atividades práticas implementadas pelos coletivos e quais padrões de comportamento podem ser identificados em uma análise comparativa entre eles;
. quais são as principais referências teóricas que fazem parte do discurso e fundamentam a prática realizada por estes coletivos;
. quais as principais contribuições que a rede internacional de coletivos vêm oferecendo para a reflexão e a prática projetual contemporânea;
METODOLOGIA
O subprojeto deverá realizar um levantamento detalhado de informações sobre a rede internacional de coletivos, sistematizá-los em agrupamentos que tenham afinidade conceitual e operativa, e posteriormente ordená-los em áreas de atuação comuns. O trabalho deverá ser conduzido tendo em vista oferecer uma nova visão sobre os processos de trabalho colaborativo, ordenando dados, colocando em ordem as idéias de vanguarda arquitetônica, levando a cabo a pesquisa bibliográfica, dispondo material selecionado à luz dos autores recomendados e preparando argumentações para a redação do relatório final de forma crítica e embasada. O plano de trabalho terá como hipótese inicial a visão de que a metodologia adotada pelos coletivos que compõe a rede Arquitecturas Colectivas ainda não foi plenamente sistematizada e pode lançar nova luz sobre os processos de projeto contemporâneos notadamente em se tratando de contextos urbanos públicos e abandonados.