MOVIMENTO ARCHIGRAM
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Os antecedentes do movimento Archigram apontam para diversos processos de revisão formal contra uma possível retomada de algunso dos princípios arquitetônicos e formais do Movimento Moderno. Economicamente, tratava-se de um período de prosperidade e desenvolvimento dos países capitalistas, dentre eles a Inglaterra, local de onde vinham os membros do movimento. Inseridos em um contexto cultural de otimismo tecnológico, evidenciado com a chegada do homem à lua, suas propostas foram fomentadas pela concepção fantasiosas de arquiteturas sobre o mar e mesmo no espaço. Segundo Montaner, o surgimento de novos instrumentos tecnológicos como os túneis de vento favoreciam uma aproximação da arquitetura aos métodos da indústria naval e aeronáutica. No contexto artístico, o movimento adotuo muito da postrura crítica da cultura pop e de sua ideologia apontada à sociedade de consumo. Dentre os principais membros e arquitetos do movimento cabe destacar: Cedric Price, Micheal Webb, Peter Cook, Dennis Crompton, Warren Chalk e Ron Herron. O grupo tinha o hábito de publicar suas propostas em edições seriais da Revista Archigram (entre 1961-70) e com ela divulgar novas imagens de projetos experimentais de arquitetura fundada em práticas tecnológicas radicais, muitas delas irrealizáveis mesmo hoje em dia. Apesar disso constituem base fundamental e exercem forte referência para a arquitetura contemporânea. Archigram oferece uma nova visão da cidade do futuro, uma visão utopista, mas crítica, revestida de uma concepção de rede de protestos. Em 1966 publicam "Pra lá de Arquitetura", uma reação possíval a publicação de Le Corbusier "Por uma arquitetura", com uma conduta assumidamente anti-monumental e propositiva de uma "cidade viva". Muitos projetos de intervenção eram desenvolvidos tendo a cidade de Londres como campo de teste e experimentação. Alguns críticos chegavam a chamá-losdo de fascistas, uma vez que seus projetos se assemelhavam a máquinas de guerra, totalitários. Isso era na verdade um grande equívoco, e um julgamento extremamente superficial. Pelo contrário, os ideais do movimento equivaliam a uma rejeição da arquitetura convencional, neoclássical, neomodernista, neoneo. Naquele momento podiam ser considerados a vanguarda ideológica britânica arquitetônica, e responsáveis pela proposição, lançamento e desenvolvimento de novas atitudes em relação a vida numa civilização industrial avançada. Para o bem ou para o mal, detinham forte confiança numa racionalização tecnológica. O contexto político dos anos 70 era de virada: a classe emergente dos estudantes polemizando e buscando ultrapassar os ideais arquitetônicos mais antigos tanto em engenho quanto criatividade. Grupos independentes de arquitetura associavam futurismo, cultura de consumo e massa, cibernética, ciência e ficção, automóveis, publicidade, cinema, numa clara interdisciplinaridade sem fronteiras. Resquícios da experiência da guerra ainda alimentavam a reflexão com relação às relações sociais e políticas. O nome Archigram foi pensado como metáfora de um telegrama direcionado aos problemas culturais gerais. O grupo se considerava uma "válvula de escape para o pensamento". Sua ideologia era, como todo grupo de contestação e esquerda, de oposição à perspectiva de estaticidade, defendendo a criação dialética, a liberdade pessoal, ao ambiente flexível e aos desejos individuais, influências estas últimas possivelmente aos situacionistas. Pressupunham uma modificação drástica no cenário humano e urbano em múltiplas escalas, desde elementos do cotidiano, até a estrutura dos edifícios e cidades. Características Conceituais O conceito Action Architecture proposta pelo movimento considerava a arquitetura um evento ativo, uma instância definidora de idéias, fatos, fluxos de informação. Tal modelo de entendimento torna a arquitetura um evento, uma ocorrência, ao contrário de ser uma tradução física de uma idéia pré-estabelecida. Esta abordagem tenta superar a valorização da arquitetura enquanto forma, introduzindo noções novas e revolucionárias que visavam romper com a imagem construcionista considerada com frequência. A perspectiva de irrealizabilidade e inconstrutibilidade garantem uma potência conceitual aos projetos e aproximam a alguns trabalhos da arte conceitual, nas quais a proposição crítica da obra supera sua condição morfológica. Assumiam a possibilidade de vivência numa sociedade nômade, na qual a casa se constituiriam um aparelho que pudesse ser levado consigo e plugada numa cidade-máquina. Tal noção da arquitetura parte de uma imitação evocativa, formalista e mimética do mundo da ciência e da tecnologia que se desenvolvia nos campos da engenharia por exemplo, do profundo conhecimento cientifico e experimental das reais possibilidades dos novos materiais disponíveis. Para eles, a arquitetura deveria abandonar seu reduto artístico, artesanal e histórico e penetrar no mundo da produção industrial. Boa qualidade de vida poderia ser proporcionada apenas pelo desenvolvimento tecnológico aplicado aos sistemas de organização voltado para os desejos individuais do homem e de sua sociedade. Chegaram a propor habitações aéreas, elaboradas para se comportar como satélites utilizando tecnologia insuflável. Vários componentes arquitetônicos poderiam ser alterados como paredes, revestimentos, coberturas, com frequência alimentados por um discurso de "abertura aos desejos individuais". Archigram contribui para a evolução do discurso e da linguagem arquitetônica oferecendo novos modelos de uma cidade para o futuro, rejeitando preceito de uma arquitetura arcaica, perene, convencional. Sustentado por um ideal de desenvolvimento de uma arquitetura avançada para uma civilização industrializada, imaginavam um rebatimento direto deste desenvolvimento nas habitações. No entanto, ele não aconteceria inadvertidamente, mas respeitando a liberdade pessoal, desejos individuais, a flexibilidade das condições de vida, as possibilidades de escolha e a emancipação individual.
Os antecedentes do movimento Archigram apontam para diversos processos de revisão formal contra uma possível retomada de algunso dos princípios arquitetônicos e formais do Movimento Moderno. Economicamente, tratava-se de um período de prosperidade e desenvolvimento dos países capitalistas, dentre eles a Inglaterra, local de onde vinham os membros do movimento. Inseridos em um contexto cultural de otimismo tecnológico, evidenciado com a chegada do homem à lua, suas propostas foram fomentadas pela concepção fantasiosas de arquiteturas sobre o mar e mesmo no espaço. Segundo Montaner, o surgimento de novos instrumentos tecnológicos como os túneis de vento favoreciam uma aproximação da arquitetura aos métodos da indústria naval e aeronáutica. No contexto artístico, o movimento adotuo muito da postrura crítica da cultura pop e de sua ideologia apontada à sociedade de consumo.
Dentre os principais membros e arquitetos do movimento cabe destacar: Cedric Price, Micheal Webb, Peter Cook, Dennis Crompton, Warren Chalk e Ron Herron. O grupo tinha o hábito de publicar suas propostas em edições seriais da Revista Archigram (entre 1961-70) e com ela divulgar novas imagens de projetos experimentais de arquitetura fundada em práticas tecnológicas radicais, muitas delas irrealizáveis mesmo hoje em dia. Apesar disso constituem base fundamental e exercem forte referência para a arquitetura contemporânea. Archigram oferece uma nova visão da cidade do futuro, uma visão utopista, mas crítica, revestida de uma concepção de rede de protestos. Em 1966 publicam "Pra lá de Arquitetura", uma reação possíval a publicação de Le Corbusier "Por uma arquitetura", com uma conduta assumidamente anti-monumental e propositiva de uma "cidade viva". Muitos projetos de intervenção eram desenvolvidos tendo a cidade de Londres como campo de teste e experimentação. Alguns críticos chegavam a chamá-losdo de fascistas, uma vez que seus projetos se assemelhavam a máquinas de guerra, totalitários. Isso era na verdade um grande equívoco, e um julgamento extremamente superficial. Pelo contrário, os ideais do movimento equivaliam a uma rejeição da arquitetura convencional, neoclássical, neomodernista, neoneo. Naquele momento podiam ser considerados a vanguarda ideológica britânica arquitetônica, e responsáveis pela proposição, lançamento e desenvolvimento de novas atitudes em relação a vida numa civilização industrial avançada. Para o bem ou para o mal, detinham forte confiança numa racionalização tecnológica.
O contexto político dos anos 70 era de virada: a classe emergente dos estudantes polemizando e buscando ultrapassar os ideais arquitetônicos mais antigos tanto em engenho quanto criatividade. Grupos independentes de arquitetura associavam futurismo, cultura de consumo e massa, cibernética, ciência e ficção, automóveis, publicidade, cinema, numa clara interdisciplinaridade sem fronteiras. Resquícios da experiência da guerra ainda alimentavam a reflexão com relação às relações sociais e políticas. O nome Archigram foi pensado como metáfora de um telegrama direcionado aos problemas culturais gerais. O grupo se considerava uma "válvula de escape para o pensamento". Sua ideologia era, como todo grupo de contestação e esquerda, de oposição à perspectiva de estaticidade, defendendo a criação dialética, a liberdade pessoal, ao ambiente flexível e aos desejos individuais, influências estas últimas possivelmente aos situacionistas. Pressupunham uma modificação drástica no cenário humano e urbano em múltiplas escalas, desde elementos do cotidiano, até a estrutura dos edifícios e cidades.
Características Conceituais O conceito Action Architecture proposta pelo movimento considerava a arquitetura um evento ativo, uma instância definidora de idéias, fatos, fluxos de informação. Tal modelo de entendimento torna a arquitetura um evento, uma ocorrência, ao contrário de ser uma tradução física de uma idéia pré-estabelecida. Esta abordagem tenta superar a valorização da arquitetura enquanto forma, introduzindo noções novas e revolucionárias que visavam romper com a imagem construcionista considerada com frequência. A perspectiva de irrealizabilidade e inconstrutibilidade garantem uma potência conceitual aos projetos e aproximam a alguns trabalhos da arte conceitual, nas quais a proposição crítica da obra supera sua condição morfológica. Assumiam a possibilidade de vivência numa sociedade nômade, na qual a casa se constituiriam um aparelho que pudesse ser levado consigo e plugada numa cidade-máquina. Tal noção da arquitetura parte de uma imitação evocativa, formalista e mimética do mundo da ciência e da tecnologia que se desenvolvia nos campos da engenharia por exemplo, do profundo conhecimento cientifico e experimental das reais possibilidades dos novos materiais disponíveis. Para eles, a arquitetura deveria abandonar seu reduto artístico, artesanal e histórico e penetrar no mundo da produção industrial. Boa qualidade de vida poderia ser proporcionada apenas pelo desenvolvimento tecnológico aplicado aos sistemas de organização voltado para os desejos individuais do homem e de sua sociedade. Chegaram a propor habitações aéreas, elaboradas para se comportar como satélites utilizando tecnologia insuflável. Vários componentes arquitetônicos poderiam ser alterados como paredes, revestimentos, coberturas, com frequência alimentados por um discurso de "abertura aos desejos individuais". Archigram contribui para a evolução do discurso e da linguagem arquitetônica oferecendo novos modelos de uma cidade para o futuro, rejeitando preceito de uma arquitetura arcaica, perene, convencional. Sustentado por um ideal de desenvolvimento de uma arquitetura avançada para uma civilização industrializada, imaginavam um rebatimento direto deste desenvolvimento nas habitações. No entanto, ele não aconteceria inadvertidamente, mas respeitando a liberdade pessoal, desejos individuais, a flexibilidade das condições de vida, as possibilidades de escolha e a emancipação individual.
Como podemos perceber, as proposições do movimento Archigram eram extremamente neofuncionalistas e hedonistas, ou seja, consideravam que o prazer individual e imediato é o único bem possível, alcançado com as novas possibilidades científicas e tecnológicas. Tinham uma confiança fantasiosa na racionalidade intrínseca do universo técnico, no potencial da comunicação, dando continuidade a um pensamento previamente inaugurado por Buckminster Fuller e novo fôlego às utopias tecnocráticas. Tentaram recuperar o espírito pioneiro dos Futuristas italianos, atualizado como o novo repertório formal das cápsulas espaciais, computadores, imaginando a arquitetura como um kit de peças desmontáveis, transportáveis, como nos projetos de David Greene. Megaestruturas receptariam as cápsulas habitacionais para uma sociedade em constante movimento. Influências da cultura do consumo também encontraram espaço nos projetos do Archigram, que tentavam aproximar uma arquitetura industrial descartável de outros produtoe s e bens de consumo de menor escala. Com relação às características formais das soluções de projeto, é possível perceber muitas investigações estruturais, de recobrimento e de organização interna de funções, às quais eram incorporados tubos, cabos, painéis e superfícies modeláveis, reflexivas à luz, incorporando tudo o que fosse possível de tecnologia automotiva, aeronáutica, espacial, industrial, etc. A linguagem era influenciada pela circulação, movimento, fluxo escapando de modelos conservadores de fechamento e permanência. Projetos como Living City adotavam uma condição urbana mais "humana", apesar da inflação de recursos técnicos, valorizando as situações variáveis e transitórias do cotidiano. A cidade era considerada um organismo perecível, móvel, articulado, constituída por componentes integrados e interconectados. Autores como Giedion criticavam esta concepção "inumana" de cidade-máquina, considerando as propostas do Archigram ironicamente próximas às de Le Corbusier, alvo de críticas do grupo. Outras propostas de urbsnismo efêmero como Momment Village e Instant City propunham situações urbanas que poderiam ser montadas em qualquer lugar e a qualquer tempo. Nas Walking Cities, cidades com pés telescópicos se moveriam sobre a água, um híbrido de cidade-plataforma de petróleo. E em escalas menores, veículos como Cushicle e Suitaloon, de Michael Webb incorporavam visões de ficção científica a microenvoltórios para o corpo favorecendo o deslocamento rápido e aéreo. O movimento Archigram não pode ser desconsiderado quando tratamos da associação entre tecnologia e arquitetura. Apesar de se constituirem como uma utopia altamente tecnocrática, que adotava irresolutamente o papel salvador do desenvolvimento tecnológico e científico, eles ofereceram um campo de experimentação profícuo para a reflexão da condição urbana na segunda metade do século XX. ______________________________________________________ Bibliografia: . DUARTE, Fábio. Arquitetura e Tecnologias de Informação. Da Revolução Inustrial à Revolução Digital. São Paulo: ed FAPESP, 1999. . CURTIS, William. Modern Architecture since 1900. Oxford: Phaidon Press, 1987. . JENCKS, Charles.Movimentos Modernos em Arquitetura. Lisboa, Portugal: Edições 70, 1985
Como podemos perceber, as proposições do movimento Archigram eram extremamente neofuncionalistas e hedonistas, ou seja, consideravam que o prazer individual e imediato é o único bem possível, alcançado com as novas possibilidades científicas e tecnológicas. Tinham uma confiança fantasiosa na racionalidade intrínseca do universo técnico, no potencial da comunicação, dando continuidade a um pensamento previamente inaugurado por Buckminster Fuller e novo fôlego às utopias tecnocráticas. Tentaram recuperar o espírito pioneiro dos Futuristas italianos, atualizado como o novo repertório formal das cápsulas espaciais, computadores, imaginando a arquitetura como um kit de peças desmontáveis, transportáveis, como nos projetos de David Greene. Megaestruturas receptariam as cápsulas habitacionais para uma sociedade em constante movimento. Influências da cultura do consumo também encontraram espaço nos projetos do Archigram, que tentavam aproximar uma arquitetura industrial descartável de outros produtoe s e bens de consumo de menor escala.
Com relação às características formais das soluções de projeto, é possível perceber muitas investigações estruturais, de recobrimento e de organização interna de funções, às quais eram incorporados tubos, cabos, painéis e superfícies modeláveis, reflexivas à luz, incorporando tudo o que fosse possível de tecnologia automotiva, aeronáutica, espacial, industrial, etc. A linguagem era influenciada pela circulação, movimento, fluxo escapando de modelos conservadores de fechamento e permanência. Projetos como Living City adotavam uma condição urbana mais "humana", apesar da inflação de recursos técnicos, valorizando as situações variáveis e transitórias do cotidiano. A cidade era considerada um organismo perecível, móvel, articulado, constituída por componentes integrados e interconectados. Autores como Giedion criticavam esta concepção "inumana" de cidade-máquina, considerando as propostas do Archigram ironicamente próximas às de Le Corbusier, alvo de críticas do grupo. Outras propostas de urbsnismo efêmero como Momment Village e Instant City propunham situações urbanas que poderiam ser montadas em qualquer lugar e a qualquer tempo. Nas Walking Cities, cidades com pés telescópicos se moveriam sobre a água, um híbrido de cidade-plataforma de petróleo. E em escalas menores, veículos como Cushicle e Suitaloon, de Michael Webb incorporavam visões de ficção científica a microenvoltórios para o corpo favorecendo o deslocamento rápido e aéreo.
O movimento Archigram não pode ser desconsiderado quando tratamos da associação entre tecnologia e arquitetura. Apesar de se constituirem como uma utopia altamente tecnocrática, que adotava irresolutamente o papel salvador do desenvolvimento tecnológico e científico, eles ofereceram um campo de experimentação profícuo para a reflexão da condição urbana na segunda metade do século XX.
______________________________________________________ Bibliografia: . DUARTE, Fábio. Arquitetura e Tecnologias de Informação. Da Revolução Inustrial à Revolução Digital. São Paulo: ed FAPESP, 1999. . CURTIS, William. Modern Architecture since 1900. Oxford: Phaidon Press, 1987. . JENCKS, Charles.Movimentos Modernos em Arquitetura. Lisboa, Portugal: Edições 70, 1985