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ARQUITETURA E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Bruno Massara Rocha

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Transformações Técnicas: engenharia estrutural, 1775-1939

O conceito "Progresso" ocorre com mais ênfase na arquitetura junto ao nascimento de ideais progressistas nos fins do séc XVIII, acompanhado por uma perda na confiança da tradição renascentista e das teorias que a suportavam, o idealismo. O desenvolvimento de novos materiais e métodos de construção permitiam novas soluções, criavam novos padrões, novos problemas, e sugeriam simultaneamente novas formas.

Em um nível mais profundo a industrialização transformou os padrões de vida e levou a proliferação de novos edifícios: estações de trem, casas suburbanas, arranha-céus, para os quais não havia precedentes. A industrialização também gerou novas estruturas econômicas e centros de poder. Desloca a patronagem da arquitetura da igreja, estado e aristocracia para as aspirações da nova classe media. Outro aspecto do mito progressista por trás da concepção da arquitetura era a crença em uma sociedade justa e racional. Além disso, as correntes de pensamento arquitetônico estavam preocupadas com a possibilidade de se criar formas que não fossem pastiches de estilos passados, mas expressões genuínas do presente. A noção de arquitetura moderna implicava em uma série de diferentes atitudes quanto à gênese da forma.

Progresso era, no séc XIX, uma importante ferramenta ideológica nas mãos dos políticos, reformadores sociais e industriais. Chegou a superar a própria religião como um sistema de valores. Marx chamou a religião do ópio do povo, mas nunca qualificou sua crença no progresso da mesma forma. O progresso era sinônimo de novo e bom, maior e melhor: um desejo de vitória sobre as forças conservadoras da natureza, um processo natural aquém da evolução da vida.

Em 1909, Walter Gropius já se preocuparia com a pré-fabricação na arquitetura. Mas ele jamais levaria em conta uma industrialização total como a dos veículos, preferindo satisfazer as necessidades de um público variado. Pensava na industrialização dos elementos constitutivos da edificação.

"A idéia de uma industrialização da construção das casas não pode se realizar sem que cada projeto utilize os mesmos elementos construtivos, de maneira a permitir uma fabricação em série que seja rentável e menos custosa para o uso. É justamente a variedade entre os elementos que permitem satisfazer o desejo público: dar à casa um aspecto pessoal".

Em 1927 podemos encontrar uma casa individual pré-fabricada com estrutura metálica leve, montada à seco na Exposição do Werkbund em Stuttgart. No período de 1943 a 1945, Gropius fabricou nos EUA, juntamente com Wachsmann, o "Sistema Empacotado de casas" que permitia a ampliação ou a redução das casas.

Elementos repetitivos e conexões estandardizadas caracterizavam uma aproximação sistemática do design, que implicava hierarquia na organização dos componentes mais do que formas compositivas.

INFRA- ESTRUTURA

O grande desenvolvimento das indústrias vai demandar espaços mais amplos e a prova de fogo. A madeira vai ser paulatinamente substituída pelo ferro na construção desses galpões. Em vários países da Europa a ênfase na utilização e no desenvolvimento do ferro vão gerar tratados e estudos dedicados a esse tipo de material. Um desses centros era a École Polytechnique, que evoluiu os conceitos de sistemas modulares, tentando estabelecer uma conexão entre a utilização de formas clássicas associada à versatilidade aplicada frente às exigências sociais.

Os primeiros grandes recintos permanentes fechados foram as estações ferroviárias construídas na segunda metade do século XIX. Não existiam ainda modelos definidos para as novas estações de trem. Por isso, elas se apresentavam, de certa forma, desconectadas dos edifícios existentes, o que gerava uma preocupação dos projetistas, pois elas eram a porta de entrada das cidades.

O fato da arquitetura metálica se desenvolver mais na Inglaterra, França, Bélgica e Alemanha é devido ao fato desses países serem grandes produtores de ferro. O progresso das técnicas será envolvido pelo espírito de economia de material. As estruturas ficarão cada vez mais delicadas, mais transparentes e de nova beleza em função das pressões econômicas.

O telegrafo mudou a percepção e compreensão de mundo. A construção e instalação de um cabo telegráfico transcontinental (1866) diminuiu a sensação de distância e ampliou a percepção geográfica. Início das transmissões live: "as distâncias estão para serem medidas por intervalos, não de espaço, mas de tempo".

A locomotiva definiu seu importante papel na sociedade industrial como veículo de deslocamento de pessoas e mercadorias e, conseqüentemente, o uso do ferro nos trilhos (1820). O trilho vai ser a primeira unidade de construção.

As ferrovias modificaram o meio ambiente existente (um ambiente denso europeu, com os paises bem definidos). Por onde elas se estendiam, semeavam novas estruturas de serviço: portos maiores e mais complexos, pontes galerias de exposição de feiras, estoques, bancos de finanças e outros tipos de edificações interdependentes. A ferrovias estabeleceu novas formas de conexões envolvendo a velocidade e baseando-se no lucro. Com a sua disseminação, a população urbanizada se tornou móvel. Forçou a racionalização da construção. Produção industrial se move para a cidade e amplia a dependência do campo e os fenômenos migratórios. Industriais estavam livres das tradições feudais e de suas obrigações sociais.

A difusão das estradas de ferro fez com que grande parte dos materiais ferroviária se integrasse ao vocabulário geral da construção, além de serem os únicos materiais incombustíveis disponíveis para a construção dos armazéns de vários pisos que a produção industrial exigia.

MATERIAIS MAIS UTILIZADOS:

FERRO

Quanto à aplicabilidade do material, o ferro só era aplicado como elemento complementar nas edificações: correntes, tirantes ou anéis, armaduras. Transmitia estabilidade, era à prova de fogo e encontrou novas aplicações: grades, peitoris, escadas metálicas, divisões e decorações. Depois da segunda metade do século XVIII teremos uma produção em larga escala de ferro fundido e a substituição dos pilares de madeira. Quanto à sua funcionalidade, venciam vãos maiores e eram incombustíveis. Os arquitetos Boulton e Watt desenvolveram na Inglaterra construções industriais que marcaram uma nova etapa no uso do ferro e serviram como modelo.

O ferro, um material de construção artificial, sofreu uma série de evoluções, tanto em sua maneira de aplicação quanto em sua estrutura física molecular que dá origem aos mais diversos tipos de aço na atualidade.

O sistema dos elos chatos de ferro forjado (Samuel Brown - patenteado em 1817), foi ao poucos sendo substituído pelo uso do cabo trefilado. O cabo de aço foi amplamente difundido na construção de estruturas suspensas, utilizando-se do fio trefilado. Os processos de fabricação in loco (trança espiral) foram desenvolvidos a partir da substituição dos elementos de suspensão em barras de ferro.

A grande evolução do ferro se deu nas pontes (ex: Ponte do Brooklin, em NY, de Vicat - 1883 - vão de 487m). Durante o final do séc. XIX, elas foram responsáveis pelo aparecimento de cordas e fios treliçados.

O ferro era evitado nas moradias, mas utilizado em galerias, salões de exposição, estações ferroviárias e edifícios com finalidades transitórias. O uso da energia a vapor vai fazer com que a técnica metalúrgica se desenvolva viabilizar a sua utilização. James Watt e Abraham Darby serão os responsáveis por esse desenvolvimento, junto com John Wihinson, mestre metalúrgico. A Inglaterra vai ser o local onde se dá o maior número de atividades ligadas à utilização do ferro durante o final do século XVIII e início do século XIX.

O arquiteto Abraham T. F. Pritchard vai construir a primeira ponte em ferro fundido, com 30,5 metros de vão em Coalbrookdale, na Inglaterra. Outro estudioso do assunto, Thomas Pope difunde em 1811 o Tratado de Arquitetura de Pontes, envolvendo construções suspensas em ferro. Um grande esforço foi realizado no sentido de aprimoramento das vigas de ferro utilizadas. Esses esforços estavam concentrados na Inglaterra. A seção do ferro evolui até ser definido o perfil I como o padrão tanto para os trilhos quanto para as vigas. Os engenheiros experimentavam vários meios de aumentar a capacidade de cobertura de vãos do material, utilizando elementos de ferro forjado empregados na construção naval. Uma das publicações imprescindíveis na época era o livro de Fairbairn: On the Application of Cast and Wrought Iron to building purposes (Da aplicação do ferro fundido e forjado na construção).

Na metade do século XIX, as colunas de ferro fundidas e trilhos de ferro forjado, usadas junto com o envidraçamento modular, tornaram-se técnica padrão da rápida pré-fabricação de centros urbanos de distribuição: mercados, galerias. A natureza pré-fabricada dos sistemas de ferro fundido garantia a rapidez na montagem, a confecção de kits de edificações nômades que começaram a ser até mesmo exportadas.

CONCRETO ARMADO

O concreto armado possuía uma série de vantagens. Era um material plástico que permitia a produção em máquinas e usinas, sendo depois utilizado em moldes. Era resistente ao fogo, apresentava pequena mudança de volume quando submetido às mudanças de temperatura, não necessitava de maiores cuidados de manutenção, não apodrecia e podia ser um bom isolante térmico. Por outro lado, tinha com desvantagens o fato de ser pesado, encarecendo o transporte. Ele não constituía um bom isolante acústico e não possuía aquela mobilidade perseguida pelos arquitetos contemporâneos.

Assim como a tecnologia do ferro foi desenvolvida a partir da exploração da riqueza mineral da terra, a tecnologia do concreto, pelo menos do cimento hidráulico, parece ter decorrido do tráfego marítimo. Entretanto, a Inglaterra perderia a sua hegemonia para a França, onde as restrições econômicas pós-revolução de 1789, a síntese do cimento hidráulico por Vicat e a tradição na construção Pisé (terra pisada) geraram circunstâncias favoráveis para o desenvolvimento do concreto. Françoise Coignet desenvolveu uma técnica de reforçar o concreto com uma tela metálica, especializando-se no concreto armado. O período de mais intenso desenvolvimento do concreto armado foi entre 1870 e 1900 com trabalhos na Alemanha, EUA e França. Um dos grandes personagens na difusão do concreto armado em toda a Europa foi Hennebique. Sua firma havia se transformado em uma grande companhia internacional, impulsionada pela exposição universal de 1900 e a publicação do livro Le béton armé. O arquiteto racionalista Anatole de Baudot ficou muita admirado com os resultados das estruturas que combinavam concreto armado com tijolos e suas lages planas reticuladas e placas dobradas pareciam antecipar as obras do engenheiro italiano Pier Luigi Nervi 50 anos após.

O engenheiro e construtor Pier Luigi Nervi colocou em dúvida o fato de que a ciência deveria se servir unicamente de processo analítico de cálculos. Segundo ele, a intuição é a forma mais alta de se expressar o espírito. Nervi procedia desenvolvendo primeiramente uma forma, depois construía a maquete e só depois submetia o seu modelo à provas de cálculo e peso. Podemos considerar que os engenheiros também concebiam suas obras assim como os artistas. "Existe para mim duas fontes de informação: a percepção direta e a intuição, em qual eu vejo a expressão e o resumo de todas as experiências acumuladas pela vida no subconsciente. De fato, a intuição é controlada pelo cálculo. Mas quando ela se encontra em contradição com o resultado de um cálculo, eu refaço o cálculo, e meus colaboradores me asseguram que, no final das contas, é sempre o cálculo que injustiça".

Nervi desenvolveu durante os anos de 1935 a 1943 imensos edifícios, por exemplo, hangares de 100 metros de comprimento por 40 de largura que repousavam sobre 6 pontos de apoio. Em suas construções poderiam ser encontrados os seguintes elementos: vigas radiais, esqueletos estruturais com pilares centrais, elementos pré-fabricados em ferro-cimento, cascas em concreto armado e nervuras entrecruzadas. Nervi comenta: "Para definir um bom organismo estrutural, ele deve explorar integralmente as qualidades excepcionais e as possibilidades sem precedentes do ferro e do concreto armado, que se adapta a esquemas estáticos espontâneos." Foi através de uma preocupação não plástica, mas econômica que Nervi liberou as formas mais rígidas do concreto armado e as conduziu por uma nova via. Ele considerava as formas de madeira um obstáculo ao viés econômico e técnico, e assim direcionou suas pesquisas no desenvolvimento no sistema de coberturas reticuladas de grandes vãos permitindo a utilização de métodos antes impensáveis.

Nervi desenvolveu ainda o ferro-cimento, um método que consistia em incorporar treliças metálicas entre o concreto, suprimindo as fôrmas de madeira, tornando possível a realização de cascas estruturais. A noção de robustez e peso excessivo, que parecia inseparável do concreto, se desprende dele. O pensamento que se tinha de que o concreto seria completamente substituído pelo aço, em razão da sua gama de possibilidades combinatórias, não se efetiva. "É o melhor material que o homem já encontrou. O fato de permitir a realização de blocos de todas as formas, capazes de resistir a todos os tipos de pressões, sustenta uma certa magia".

Até 1895, o uso do concreto armado nos EUA foi inibido pela sua dependência do cimento importado na Europa. Em Paris, os irmãos Perret começaram a projetar e construir as primeiras estruturas totalmente em concreto. Nessa época, a estrutura de concreto armado se tornara uma técnica normativa. A sua apropriação como elemento expressivo primordial veio com a Maison Domino de Le Corbusier.

De 1910 a 1940, a maior parte das realizações arquitetônicas em concreto armado será obra dos engenheiros. Em 1914, encontramos em um catálogo de um construtor de carros a seguinte proposição: "Nós construiremos casas transportáveis, que são deixadas aos nossos cuidados por caminhão, prontas para serem habitadas três dias após sua ordem. Elas são montadas na usina, criadas em partes, transportadas em caminhões especiais e simplesmente montadas no local de execução em três horas. Ou ainda, segundo os desejos dos clientes, desmontadas no local e depois transportadas para outro local. Essas habitações se constituem de materiais duráveis: estrutura de madeira, paredes duplas para controlar a variação de temperatura, cobertura de aço, divisórias internas de aglomerado de madeira".

PLÁSTICO

Os materiais plásticos invadiram a tal ponto nossa vida cotidiana que esse material artificial tendia a eliminar todos os materiais naturais. Com exceção na arquitetura onde as revoluções são mais tímidas, o plástico encontrou uma aplicabilidade sem fim nos meios utilitários e em todos os setores de componentes e peças. As indústrias de materiais plásticos, entretanto, se introduziram nas edificações não por questão de isolamento, mas como fechamento, painéis de fachada, divisórias, paredes translúcidas, painéis-sanduiches, revestimentos de piso, elementos de coberturas. Os materiais plásticos poderiam ajudar a revolução arquitetônica por sua capacidade de realizar sua curvatura irregular sem montagem. Seu peso mínimo permitia reduzir e simplificar as estruturas portantes. Inoxidáveis, insensíveis às intempéries, poderiam ser coloridas na fabricação evitando trabalhos posteriores de pintura. Entretanto eram maus isolantes de calor e ruídos, por serem perfeitamente herméticos. Os materiais plásticos poderiam fazer mais bem à renovação do repertório de formas arquitetônicas do que ao conforto do habitat. É conveniente considerar que o primeiro protótipo de residência totalmente desenvolvida em plástico é aquela que Ionel Schein, Yves Magnant e Coulon apresentaram em Paris na Exposição de artes dirigidas (arts ménagers - provavelmente o autor que dizer artes - ofícios - aplicadas a uma determinada função), em1956. Mas é possível citar algumas experiências anteriores:
" Arquiteto francês P. Fayot, apresentou um projeto de uma casa redonda em cloreto polivinílico.
" Shein-Magnant-Coulon: "Maison escargot" desenvolvida em material plástico.
" Dietz, Heger et Mc Garry: 1957 nos Estados Unidos a Casa Monsanto: pesquisador do MIT de Harvard em materiais plásticos.
" Inglaterra: Makowski estudou na Universidade de Surrey as estruturas dobradas e as estruturas alveolares.
" Alemanha: Frei Otto - pesquisas conectadas com a utilização de materiais plásticos.
" Itália: Renzo Piano - estudou as estruturas e seus princípios elásticos sob pressão.
" Podemos mencionar, enfim, que os materiais plásticos reforçados de fibra de vidro foram empregados em inúmeros pavilhões na Exposição Universal de Montreal em 1967.

Resumindo uma lista de novos materiais e espaços utilizados nesse período temos: poliéster e plástico armados, painéis de fachada, divisórias, paredes translúcidas, painéis-sanduiches, revestimentos de piso, elementos de coberturas, materiais plásticos, câmaras frigoríficas em materiais infláveis, tendas pneumáticas, hangares de frutas com isolamento térmico. Dentre os personagens marcantes ainda podemos citar: Shein-Magnant-Coulon, Ionel Schein, Yves Magnant e Coulon, Surrey, Konrad Wachsmann nos EUA, Makowski na Inglaterra, Frei Otto e Gunter Gunschell na Alemanha, Stéphane du Chateau e D. G. Emmerich na França. F. Lanchester, Hans Walter Muller, Bruno Schneider-Maunoury, André Vilder e Patrick Danan.


TÉCNICAS E PROCESSOS

CONCEITOS

Dentro dos conceitos pós-industriais, os materiais e as peças devem ser substituíveis, intercambiáveis, combináveis e permutáveis. Existe uma preocupação com as relações entre os elementos, proporcionando a construção de uma arquitetura melhor, mais rica, mais flexível, capaz de dar uma resposta para a complexidade da vida social urbana contemporânea.

No método de coordenação modular tem-se a necessidade de se estabelecer um acordo entre os elementos de uma construção produzidos industrialmente. Na arquitetura helênica e em seguida na arquitetura clássica inspirada nos tratados de Vitrúvio ou Palladio, o módulo foi utilizado como uma medida ideal, uma unidade de proporção. O objetivo é tirar o melhor partido possível, no plano econômico, utilizando elementos normalizados. No período seqüente à Segunda Guerra Mundial foi sentida uma maior necessidade de sistematizar a produção.

SISTEMA TOTAL

O Palácio de Cristal foi desenvolvido em apenas oito dias e consistia em uma enorme galeria envidraçada ortogonal em três níveis, idêntica a uma grande estufa. Esse edifício era tido como um exemplo de sistema Total, desde a concepção, fabricação, transporte, construção e desmontagem. Como os edifícios ferroviários, com os quais tinha uma certa analogia, era um Kit de montagem extremamente versátil: produção em massa e montagem sistemática. Segundo Waschmann, para um fácil manuseio as peças não deveriam pesar mais de 01 tonelada e quanto maiores os painéis de vidro mais economia.

A França realizou 05 exposições universais no período de 1855 a 1900. Em 1889, a torre Eifell e a Galeria das Máquinas foram as grandes vedetes da exposição. Victor Contamin utilizou o arco triarticulado com o objetivo de alcançar vãos maiores. O seu pavilhão não só expunha máquinas, mas era uma máquina de exposição. Possuía plataformas móveis que corriam sobre trilhos elevados. Por outro lado, a torre Eiffel possuía a base em forma de embarcação e a seção vertical parabólica de pilastra tubular de ferro, num processo de grande análise dinâmica. Produto decorrente, tanto quanto o Crystal Palace, a torre era um grande pilar de viaduto de 300 metros, cuja forma-padrão evoluira em função do vento, gravidade, água e resistência dos materiais.

CICLO ABERTO E CICLO FECHADO

A industrialização de Ciclo Fechado é definida quando a mesma empresa executa com seus próprios meios a em sua própria usina o produto final, o edifício completo. A viabilidade da construção de ciclo fechado está vinculada à produção em grande série, distribuída uniformemente durante um longo espaço de tempo. Com o objetivo de diminuir os custo e aumentar a produtividade, ela necessita de um longo período de tempo. E devido a problemas burocráticos, pressões políticas a uma ausência total de objetivos em longo prazo, esse modelo foi perdido de vista.

Na industrialização de Ciclo Aberto, os componentes são destinados ao mercado e não às necessidades de uma só empresa. Os elemento produzidos poderão ser combinados entre si segundo uma grande variedade de modos, satisfazendo uma larga escala de exigências funcionais e estéticas. É também conhecida como a industrialização de catálogos que definem as suas características físicas, resistência, insolação, peso, etc. A Bauhaus enunciou um programa de desenvolvimento de habitações baseado na redução de custos no orçamento. O objetivo seria a manufatura segundo métodos de produção em massa que não seriam construídas no canteiro, mas sim em fábricas em forma de partes ou unidades básicas prontas para a montagem. As solução seriam melhores se a casa fosse encarada como uma máquina a ser montada. Ela podia ser executada por pessoas sem muita experiência

ESTRUTURAS PNEUMATICAS

As estruturas pneumáticas, ou infláveis se impuseram na exposição universal em Osaka: Balões sob a forma de cogumelo servindo como snack-bar. O Pavilhão Fuji, de Yutaka Murata abrigava um auditório e era a mais importante construção pneumática até então realizada. Se por um lado os materiais plásticos e de ar comprimido foram os novos materiais desenvolvidos nesse período, por outro os materiais clássicos da arquitetura moderna, como o concreto e o aço, se encontram metamorfoseados por novas técnicas que se desenvolveram.

Outros exemplos interessantes são bolhas habitáveis, cúpulas de radar de 40 a 90 metros de diâmetro, estruturas dobradas e painéis montados, estruturas pneumáticas que utilizam borracha sintética, estruturas infláveis aplicadas a objetos cotidianos (pneus, velas de barco, dirigíveis) utilizando o ar sob pressão, podendo gerar tendas pneumáticas, estufas de frutas com isolamento térmico. As estruturas infláveis normalmente tomavam a forma de bolhas de sabão, mas também poderiam ser feitas em forma de cone ou cilindro. Elas são rapidamente montáveis, não importando o tipo de solo em que se encontra e pode se removida sem deixar nenhum rastro.

CASCAS

Como exemplo de novas técnicas temos o desenvolvimento da solda, dos tubos que permitiam a construção de imóveis em forma de aranha e da montagem dos tubos com nós mecânicos e nós soldados direcionados às estruturas espaciais. Os cabos tencionados davam às coberturas um grande dinamismo. Os modelos tomados pelos engenheiros que queria transformar o concreto em um material leve não são mais as igrejas góticas e os templos gregos, mas o ovo, a flor, os crustáceos, conchas, bolhas de sabão, teias de aranha. Se segue uma arquitetura de cascas e coberturas fragmentadas. A casca anula a noção de fachada, onde a resistência é proveniente da forma, que acusava uma tendência atual do concreto delicadamente monolítico. Mas aqueles que desprezavam o concreto armado sempre se lembravam da tenda, considerando as velas e as membranas plásticas, tencionadas ou infladas, mais apropriadas que o concreto. Segundo eles, a qualidade específica do concreto era o seu peso. "Deixar um material pesado mais leve era uma tentativa falsa". Estavam sempre preocupados com a verdade do material, e o concreto sempre escondia o aço em si. Entretanto, o concreto se direciona a uma leveza estrutural no momento em que ele toma as formas de casca, acentuando a relação entre ele e as formas naturais a exemplo do arquiteto Félix Candela. As construções em forma de esfera, hemisféricas, seguindo a lógica do ovo, começaram então a aparecer entre o cenário tradicional dos paralelepípedos retangulares. Além delas, as cascas e superfícies delicadas, as tendas protendidas e estruturas de madeira tridimensionais, estruturas suspensas por cabos de aço, estruturas tencionadas e membranas constituem algumas direções da arquitetura que não se referiam a nenhum edifício do passado. David Jawerth era um especialista em estruturas tencionadas. Desenvolveu o projeto de um teatro ao ar livre em Otigheim na Alemanha, além de um hangar em Teerã (1962) e outra usina em Lesjofros na Suécia.

Elyot Noyes, imaginou uma fôrma de concreto que utilizava um balão inflável. O concreto seria projetado sobre este balão que depois seria esvaziado. A técnica de fôrma de concreto foi sendo evoluída a partir do desenvolvimento do concreto projetado. As fôrmas eram perdidas depois da cura do concreto. Ela, além de modelar o concreto, era também aproveitada como isolante térmico. A aliança de entre o aço e o concreto é vista nos perfis de aço envelopados de concreto. A madeira repentinamente volta entre os materiais de tecnologia de ponta. As primeiras aparições de madeira laminada colada datam de 1905. As novas colas de grande eficácia relançaram o uso da madeira.

As fórmulas matemáticas e as formas esculturais serão os motores da arquitetura que surgia. O Funcionalismo tinha liberado as plantas da tirania das paredes estruturais, resultando nas plantas livres (Le Corbusier).

ESTRUTURAS GEODESICAS E ESPACIAIS

Buckminster Fuller levou tão a fundo seus estudos estruturais que chegou a propor a construção de um domo que recobriria a parte central de Manhattan, composto por estruturas tridimesionais. Grandes vãos ou estruturas voadoras eram pensadas compostas por tetraedros bidirecionais, tridirecionais, quadridirecionais envolvendo os estudos geodésicos.

Limitadas a três dimensões modulares, bidirecionais, tridirecionais, quadridirecionais, as estruturas espaciais utilizavam em geral o metal, mas poderiam ser também construídas em concreto e madeira. O nó, sobre o qual convergiam todos os esforços, constituíam elementos chave nas estruturas espaciais. Robert Le Ricolais (1894-1977) é um dos precursores dos estudos geodésicos. Suas pesquisas influenciaram a vanguarda arquitetônica assim como Buckminster Fuller. Como seus trabalhos não haviam influenciado a arquitetura francesa, emigra aos EUA em 1951, onde passa a trabalhar na Universidade da Pensilvânia lecionando Estruturas Arquitetônicas. Ensinava que "a arquitetura deveria ser um arranjo científico dos espaços e das formas submissa às funções e aos lugares (sítios).

Fazendo apelo aos recursos da topologia e mostrando a concordância da matemática com as formas naturais através de trabalhos práticos observando a estrutura de bolhas de sabão, Le Ricolais não fixou nenhuma incógnita prática aos seus estudantes. Assim, ele explorava as combinações estruturais possíveis, verificando as propriedades estáticas ou dinâmicas deste ou daquela montagem, sem se preocupar com uma eventual utilização final. Mas as suas pesquisas "gratuitas" emergiam diretamente sobre as possibilidades de coberturas de grande porte; possibilidade de realização de cidades tridimensionais. Ele mesmo propôs um plano de circulação suspensa: skyrail. Ele funciona a partir de uma trama triangular de pontos aéreos com uma extensão de 500 metros, unidas por torres de vinte a trinta andares ocupadas pelos escritórios. Sobre estes pontos circulariam os veículos elétricos liberados do solo.

As estruturas espaciais passaram da teoria para a prática com Buckminster Fuller e Konrad Wachsmann nos EUA, Makowski na Inglaterra, Frei Otto e Gunter Gunschell na Alemanha, Stéphane du Chateau e D. G. Emmerich na França. Stéphane du Chateau, nascido em 1908, estudou na Escola Politécnica de Lwow, na Polônia e depois se fixou na França, onde desenvolveu uma série de patentes de estruturas espaciais tridirecionais que permitiam a realização, através de solda de barras e nós. Executou uma cobertura de tênis em Paris-Vaugirard formada por um semicírculo em estrutura tubular com 18 metros de extensão e uma outra na Piscina do estádio Bologne-sur-Seine. D.G. Emmerich, lecionou na Escola Superior de Belas Artes em Paris: Curso de geometria Construtiva: morfologia.

Assim como Yona Friedman, Emmerich levantou a necessidade de se criar uma arquitetura científica, de se encontrar uma "forma universal, um novo modelo que, sozinho ou através de seus derivados, poderiam compor todas as soluções e demandas da arquitetura".

Outra pessoa que influenciou fortemente o cenário estrutural do século XX foi Buckminster Fuller e os seus domos geodésicos. O sucesso espetacular do domo translúcido que constituía o pavilhão dos EUA na Exposição Universal de Montreal fez de Fuller um homem célebre. Os domos geodésicos são pesquisas geométricas de estruturas de aço, recobertas por elementos metálicos, de material plástico. O primeiro edifício não provisório de Buckminster Fuller foi o domo de alumínio das indústria Ford em Dearborn (1953). Medindo 28,4 metros de envergadura e pesando 8,5 toneladas, o edifício foi montado em trinta dias. Em 1958, Buckminster Fuller construiria seu primeiro grande domo de 117 metros de diâmetro. Buckminster Fuller tinha uma maior ambição, construir um domo que recobriria a parte central de Manhattan cujo diâmetro seria de 3,2 Km e altura de 1600 metros em sua parte central. Ele também se preocupou com a construção de apartamentos econômicos oferecendo o maior conforto possível.


TECNOLOGIA NO ESPAÇO DOMÉSTICO

Máquina de costura: A casa, além de oferecer proteção, era um ícone. A primeira máquina de costura foi manufaturada nos EUA em 1850. Antes disso, as máquinas de costura era fabricada manualmente e somente vendida para fins industriais (por causa do custo de produção). SINGER x WHEELER E WILSON. A Segunda era mais barata, mais leve e mais simples e como consequência, potencialmente mais atrativa que a Singer. Eles formam os primeiros a apresentarem uma máquina de costura como aparelho doméstico, um exemplo que foi rapidamente seguindo por outras firmas que perceberam que era a única alternativa de se manter nos negócios.
FONTE: FORTY, Adrian. Objects of Desire. Ed. Thames & Hudson, New York - pg 94-95

Máquina de datilografar: A aparência dos aparelhos era altamente industrial. As empresas e os escritórios mais pareciam ambientes fabris. Estruturas tubulares pintadas de preto. As máquinas de escrever chegaram aos escritórios em 1880. As portáteis eram idealizadas para comerciantes itinerantes que precisavam de escrever cartas longe dos escritórios.
FONTE: FORTY, Adrian. Objects of Desire. Ed. Thames & Hudson, New York - pg 133-134

Aspiradores de pó: Apenas as famílias de classe média ou superior tinham condição de Ter um aspirador de pó; por isso, nos anúncios aparecem empregadas domésticas utilizando-as. Essas máquinas foram primeiramente desenhadas nos EUA em 1860. Elas foram substitutas para os espanadores, que segundo os médicos da época, eram contra-indicadas pois deixavam a poeira em suspensão que poderia ser inalada pelos habitantes da casa a causar sérios danos à saúde.
FONTE: FORTY, Adrian. Objects of Desire. Ed. Thames & Hudson, New York - pg 177

Forno Elétrico: "Eletricidade, o combustível do futuro". Máquinas que diminuiriam o trabalho doméstico. A invenção da máquina de costura trouxe mais remendos, a lavadoura de roupa, mais lavagens, o aspirador de pó, mais limpeza, novos combustíveis e fornos, mais elaboradas comidas. A falha dos eletrodomésticos em trazerem economias de trabalho não é uma consequencia que deve ser atribuida aos aparelhos. A compulsão em se atingir padrões domésticos mais altos foi o resultados de uma consciência referida a eles.
FONTE: FORTY, Adrian. Objects of Desire. Ed. Thames & Hudson, New York - pg 211.

Batedeira doméstica: 1920. Os requisitos mais importantes para o design dos objetos era que eles deveriam ser eficientes, fáceis de usar e rapidamente montados e desmontados. Apenas na década de 1930 é que os aparelhos começaram a ser produtos de massa. A imagem da fábrica era uma metáfora de eficiência. Essa imagem era constantemente sugerida em escritórios, e na vida da dona de casa, que era encorajada a proporcionar eficiência em casa, em função de um planejamento das tarefas diárias como se fosse uma rotina industrial.

O Museu D'Orsay: Onde antes estava instalado o Palácio de Orsay, foi implantada a estação de trens D'Orsay, tendo em vista a exposição universal de 1900. Ela visava descentralizar o fluxo de trens da Estação de Austerlitz. Como se tratava de uma região histórica de Paris, era pouco provável que o edifício tivesse características de um grande bloco de ferro utilitário. Sendo assim, a fachada está constituída de arcos e o interior composto por arcos em estrutura metálica. O projeto vencedor do concurso foi de Victor Laloux, professor de arquitetura da escola de Belas Artes. A estação foi inaugurada em Julho de 1900. Foi a primeira estação concebida para trens de tração elétrica. Depois disso sofreu vários danos com inundações e após mitas discussões transformada em museu em 1980.

Union Tank Car Company: Projeto de Buckminster Fuller. Envolve conceitos de planejamento sistemático, a tradição lógica que constituia a marca dessa corrente ideológica. Fuller, arquiteto-inventor levou essa posição às últimas possibilidades concebendo as estruturas geodésicas, proclamando o triunfo final da tecnocracia. Ele defendia o conceito de eficiência máxima, a montagem repetitiva de peça por peça. Fuller propôs um sistema de organização do mundo onde os engenheiros ou os arquitetos universais substituiriam o governo pela administração da eficiência.

Palácio dos Esportes: Projeto de Pier Luigi Nervi. Doutrina funcionalista (que a forma seguiria a função sem desvios). Um grupo de atitudes e valores atados à idéia de resolução dos problemas complexos através de métodos de desenho sistemáticos.

Habitações pré-fabricadas na Rússia: As unidades são autoportantes e poderiam ser empilhadas como tijolos por uma ponte rolante. 1965. Os russos desenvolveram um programa de unidades de habitação em série em grande escala que poderiam ser criadas na usina, montadas no terreno e colocadas no lugar através de gruas móveis. "Com quinze anos de esforço dos construtores, darão um fim para o problema de habitação na URSS. Dois milhões de apartamentos criados até 1980. Todas as famílias de Moscou terão um quarto para cada membro da família mais um quarto comum. Os apartamentos terão 24 metros quadrados de área útil para cada habitante. Se comparadas com a média de 6 metros quadrados por habitante dos anos vinte, podemos Ter uma noção da evolução do sistema".

Casa Wichita: O rendimento máximo pela ausência de peso. "Madame, você sabe quanto pesa a sua casa? 6000 libras e pode ser transportadas dentro do cilindro vertical a esquerda". Uma casa que poderia ser construída em série. Ele, entre outros arquitetos estarão engajados em um sistema de utilização da tecnologia voltada para questões sociais nos anos 20. A imagem lembra as curvas ou a superfície de um avião, já que ela seria produzida nas mesmas usinas e utilizando os mesmo métodos para produzir os aviões.

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Referências Bibliográficas:

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_ GROPIUS, Walter. Bauhaus: Novarquitetura. São Paulo: Perspectiva, 1988
_ LE CORBUSIER. Por uma Arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 1988
_ MONTANER, Joseph. Depois do Movimento Moderno. Arquitetura da segunda metade do século XX. Ed. Gustavo Gili Port. 1a edição, 2002.
_ JENCKS, Charles. Movimentos Modernos em Arquitetura. Lisboa, Portugal. Edições 70, 1985
_ ARANTES, Otília B., O lugar da arquitetura depois dos modernos. Ed. EDUSP. 2a edição, 1995
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_ COLLINS, Peter. Los Ideales de la Arquitectura Moderna. Ed. Gustavo Gilli. 1a edição, 1998.
_ FRAMPTON, Kenneth. Studies in Tectonic Culture – The Poetics of Construction in the Nineteenth and twentieth Century Architecture. The MIT Press 2a edição, 1996.
_ MASCARÓ, Lucia. Tecnologia e Arquitetura. ed. Studio Nobel. 1a edição, 1990.