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ESCOLA BAUHAUS DE ARTE E TECNOLOGIA

Bruno Massara Rocha

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1- A Escola

A escola surge da união entre duas outras instituições: A Escola de Belas Artes (Fine Arts) e a Escola de Artes Aplicadas (Applied Arts), cujo diretor era Peter Behrens e Henry van de Velde, respectivamente. Fundada por Walter Gropius, tinha uma meta produtivista, no sentido da fabricação, desde o principio, numa tentativa de libertação da dependência dos subsídios do Estado. Os principais artistas envolvidos eram: Marcel Breuer, Mies van der Rohe, Hannes Meyer, László Moholy-Nagy, Johannes Itten, Paul Klee, Wassily Kandinsky

2- Manifesto e Programa

A Bauhaus tinha como principais objetivos:
. estabelecer a arquitetura como o foro dominante do desenho: "o ultimo objetivo da arte criativa é a construção", numa perspectiva de ausência de fronteiras entre os ofícios;
. buscar uma unidade cultural;
. elevar técnicas tradicionais a um nível de acordo com a arte;
. aperfeiçoar os produtos industriais através dos trabalhos coletivos dos artistas, industriais e artesãos;
. conectar aspectos do humanismo do trabalho artesanal mas numa aspiração que visava a produção industrial. Seus métodos variavam entre a manipulação dos elementos formais de abstração, do estudo de composição, e das possibilidades e limitações dos materiais individuais. Tinham grande ênfase na criatividade individual e buscavam potencializar habilidades especificas;
. desenvolver a capacitação para enfrentar problemas complexos, mantendo contato direto com o processo de produção, e buscando outros com indústrias existentes. Faziam sempre importantes abordagens com os trabalhos práticos.

3 - Tendências Políticas

Uma vez que a Bauhaus se funde a partir de uma situação paradoxal até então, a união de artes finas e artes aplicadas, q
ual seria a melhor formação da escola então? Tinham, na verdade, fortes tendências socialistas e um espírito relativamente reacionário. Relacionavam a demanda por simplicidade dos objetos do dia a dia à demanda de soluções para a crise econômica. Diziam: "Respeito e verdade", "fim à barreira de arrogância entre artesão e o artista".

Durante os anos que se seguiram a I Guerra Mundial, a Alemanha se encontrava enfraquecida e empobrecida devido à sua força de trabalho reduzida. Havia necessidade de reconstrução econômica e a carência de mão-de-obra era um problema também comum, que demandaria anos para recuperação. Ao longo da Revolução Socialista na Alemanha em 1918 as pressões contra a democracia liberal da Bauhaus tirou do comando da Bauhaus Meyer em 1927 para a entrada já tarde de Mies van der Rohe. A escola foi transferida para um depósito nos arredores de Berlim e acabou por fechar em 1933.

4- Tendências artísticas

Os principais princípios compositivos da Bauhaus podem ser genericamente sistematizados da seguinte forma:
. utilização do ângulo reto e as três cores primárias, aproximando natureza x intelecto, negativo x positivo, estático x dinâmico, horizontal x vertical;
. expressão dos princípios industriais racionalistas;
. intenção de autodescobrimento pessoal por meio da abstração;
. nova estrutura perceptiva: ponto, reta, extensão, posição, direção;
. utilização de partes estandartizadas, e um desenho anônimo, simples e com poucas referências;
. produção massiva voltada para a fase pós-I Guerra e a demanda pela reconstrução;
. uma estética mecanizada - cultura material da época;

Outros movimentos artísticos exerceram forte influência na Bauhaus como o De Stijl. Surgido em 1917, foi fundado por Theo Van Doesburg (1883-1931) e Piet Mondrian. Em 1921 Van Doesburg, numa visita à Bauhaus, identifica muito potencial nos alunos, e assim inicia também um curso em 1921 para jovens artistas. Este curso era denominado Positive and contemporary forms of expression. Posteriormente sob influência do artista, os alunos pintam as paredes e o teto da Weimar Residence. Entre 1921 e 1925 houve grande influência do de Stijl nos trabalhos da Bauhaus.

5- Alguns protagonistas da Bauhaus

. Itten: devoto de religião persa arcaica (masdeismo), desenvolvia práticas de jejum e a dieta. Possuia uma real descrença no processo cientifico, denominado por ele como prática "exterior". Busca um novo estilo de vida.

. László Moholy-Nagy - compromisso paralelo com o Construtivismo Russo. Defendia o "desenho moderno", uma estética mecânica adequada à ideologia socialista.

. Peter Behrens: exerceu forte influência para Gropius no compromisso do design para com a indústria.

. Paul Klee: pensamento racional e empírico. Adotava um processo de desenho como fenômeno puramente racional.

. Marcel Breuer: Incorpora o aço tubular no Atelier de Mobiliário. Inspiração numa bicicleta Adler. Produção de mesas e cadeiras leves, fáceis de limpar e econômicas. Vasta influência dos impactos da I Grande Guerra.

. László Moholy-Nagy (húngaro): estabeleceu contatos com El Lissitzky (construtivismo russo) através de uma exposição na Alemanha. Influências na oficina de metalurgia da Bauhaus. Se demite junto com Gropius bradando contra as tendências insistentes de objetividade e eficiência. Estudou em uma escola russa: Vkhutemas. Estética Elementarista.

. Walter Gropius: o trabalho de Gropius possui registros de antecipação da Casa Dymaxion de B. Fuller. A saída de Gropius e a entrada de Meyer leva a Bauhaus a uma esquerda ainda mais forte.
Hans Meyer, Suíço entra em 1927 no departamento de arquitetura, depois da demissão de Gropius. Seus objetivos eram mais ligados ao caráter social do que artísticos; período de grande fabricação de peças.

Nos workshop de metal eram desenvilvidos objetos cotidianos: luminárias, potes, urnas, candelabros, chaleiras, caixas, etc. Os modelos eram baseados na geometria fundamental do círculo e da esfera. Gropius, principalmente, de dedicava às formas elementares e cores primárias como ponto de partida para seu o design.

Referências Bibliográficas:

BRUNA, Paulo J. V. Arquitetura, Industrialização e desenvolvimento. Ed. Perspectiva. 1a edição, 2000.
_ GROPIUS, Walter. Bauhaus: Novarquitetura. São Paulo: Perspectiva, 1988
_ LE CORBUSIER. Por uma Arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 1988
_ MONTANER, Joseph. Depois do Movimento Moderno. Arquitetura da segunda metade do século XX. Ed. Gustavo Gili Port. 1a edição, 2002.
_ JENCKS, Charles. Movimentos Modernos em Arquitetura. Lisboa, Portugal. Edições 70, 1985
_ ARANTES, Otília B., O lugar da arquitetura depois dos modernos. Ed. EDUSP. 2a edição, 1995
_ FRAMPTON, Kenneth. História Crítica da Arquitetura Moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
_ CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
_ COLLINS, Peter. Los Ideales de la Arquitectura Moderna. Ed. Gustavo Gilli. 1a edição, 1998.
_ FRAMPTON, Kenneth. Studies in Tectonic Culture – The Poetics of Construction in the Nineteenth and twentieth Century Architecture. The MIT Press 2a edição, 1996.
_ MASCARÓ, Lucia. Tecnologia e Arquitetura. ed. Studio Nobel. 1a edição, 1990.