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A ARQUITETURA GREGA

Bruno Massara Rocha

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Origem e características da civilização grega.

A arquitetura pré-helênica floresceu nas Ilhas do Mar Egeu e atingiu a Grécia onde se desenvolveu. A arquitetura grega sofreu influencia oriental trazida pelos hititas e fenícios. As principais cidades eram Tirinto e Micenas. As civilizações egéias data de um período de 2000 a 3000 a.C. A Ilha de Creta, a maior das ilhas do mediterrâneo, foi o palco desse desenvolvimento e tinha como uma das edificações de maior importância o Palácio de Cnossos. Além dos fenícios, um fato que impulsionou a arquitetura grega foi a invasão dos dóricos. A arquitetura grega não trouxe consigo nenhuma herança das abóbadas micênicas e baseou todas as suas construções no simples modelo trilítico. O emprego do ferro no trabalho da pedra permitiu o aperfeiçoamento dos cortes e o progresso na escultura, e na arquitetura. O que se pode perceber é que o desenvolvimento gradual dos equipamentos e dos utensílios de uso dos artistas teve influência direta no resultado formal encontrado nas edificações da época. Primeiramente os instrumentos de trabalho eram constituídos de sílex de bronze e não eram capazes de trabalhar as pedras com eficiência. A ausência do ferro deu origem a um tipo de alvenaria ciclópica. As ferramentas de ferro permitem, num segundo estagio, encarar de frente o problema da construção dando origem a um novo conceito construtivo.

Na tumba de Midas podemos apreciar os mais antigos exemplares de coberturas de duas águas, de onde se derivou o frontão grego. O pendural, peça vertical de sustentação, sofre um esforço de compressão e daí sua construção se apresentar em forma de alvenaria de tijolos.

Os edifícios gregos eram constituídos por blocos horizontais sustentados por paredes e colunas: construção de pilar e lintel. Não existiam praticamente nem curvas nem arcos. A simetria era característica das construções e foi em parte atingida através de um processo conhecido como entasis destinado a eliminar as ilusões de ótica. Os edifícios a que os antigos gregos dedicavam maior importância eram os templos. Os primeiros templos foram construídos de madeira e tijolos de barro, mas no fim do séc VI a.C., passaram a ser construídos de pedra calcária. O mármore, que pode ser polido e trabalhado até a perfeição, tornou-se cada vez mais utilizado. Os templos não eram constituídos para abrigar congregações; sua finalidade imediata era a de recolher a estátua de um deus. Um único recinto antecedido de um átrio servia a este fim. Os templos eram geralmente construídos sobre uma plataforma com três degraus que lhe davam acesso. Nos mais belos templos, os quatro lados do edifício eram rodeados por uma colunata denominada peristilo. A entrada principal estava orientada para o Leste. O conjunto das fachadas oriental e ocidental era coroado por frontões. ATENAS: a deusa apresentava-se armada com lança, capacete e escudo, trajando na mão direita erguida uma estátua da vitória e estava acompanhada por uma cobra. O teto de madeira era decorado com pinturas e dourados. A luz penetra no templo apenas pelas portas, que orientadas para o Leste banhavam de sol a estátua de Atenas quando as portas eram aberta.

Amarravam as pedras com grampos de ferro, e as juntas se apresentavam com extrema perfeição de encaixe, sendo assentadas por meio de alavancas. Os telhados era empregada a madeira e todas as peças sofriam o esforço de compressão. As telhas eram confeccionadas em terracota ou porcelana. Costumavam recobrir o mármore com cerâmica ou estuque pintado. A pintura das construções tinha uma dupla finalidade: colorir o conjunto e ressaltar os relevos. Pintavam também as estátuas, já que elas também eram parte importante na arquitetura. As edificações obedeciam uma fisionomia relativamente permanente, constituída por: embasamento + colunas + entablamento; sendo as colunas, por sua vez, subdivididas em alguns casos em: base + fuste + capitel e o entablamento: arquitrave + friso + cornija.

Dentre as edificações, as mais características da civilização grega eram: o teatro, composto de um semicírculo onde se localizava a orquestra, seguida de uma tribuna cercada de paredes por onde entravam e saíam os atores e, envolvendo a orquestra a arquibancada, sempre ao ar livre. Era de um modo geral, construído na encosta de uma colina, para que os degraus fossem esculpidos na terra, resolvendo o problema de visibilidade e estabilidade; os odeons, pequenos teatros destinados unicamente ä audições musicais; as ágoras, definida por uma grande praça pública, rodeada de pórticos onde se reuniam os cidadãos; além dos ginásios, estádios e hipódromos. A Acrópole grega era uma cidadela construída sobre um penhasco sobre o qual eram implantados os templos.

Quando falamos em ordens construtivas, estamos definindo conjuntos de soluções decorativas e construtivas que se apresentavam segundo uma certa constância das medidas e das proporções. A exemplo delas temos:

 

Dórica: era simples e transmitia uma única impressão de solidez e força. A colunata não tinha base, ergue-se direto sobre a plataforma. A superfície do fuste era dividida (comprimento) em estrias largas e côncavas (caneluras). O capitel (que pode ser chamado de equino) era liso com formato semelhante ao de uma almofada e sustentado por um ábaco (tem a função de diminuir o vão entre as colunas) quadrado e liso. A arquitrave era também lisa, não suportando diretamente a cornija, havendo entre eles o friso. Na fachada dos templos se sobrepunha o frontão, que podia ter sua superfície decorada e servia para esconder o telhado. Como exemplos de templos de ordem Dórica temos: Atenas em Corinto, Zeus em Olímpia, Teseu em Atenas, Partenom em Atenas, Apolo em delos. Cinco nomes célebres são responsáveis pela realização do templo de Atenas na Acrópole: Péricles - administrador e protetor das artes, Ictinus, Calicrates, Mnesicles - arquitetos gregos e Phidias - escultor.

Jônica: Introduzida através do Mar Egeu. Era mais ornamentada que a dórica e mais trabalhada. O fuste era mais alto e estreito e se erguia sobre uma base formada por uma série de anéis. O capitel apresentava dois pares idênticos de espirais e volutas semelhantes a um rolo de papel. O espaço entre as espirais era preenchido com uma escultura decorativa, encontrada também no ábaco. A arquitrave era composta por 3 planos horizontais. Alguns frisos eram lisos e outros decorados com esculturas em relevo. Como exemplos de templos jônicos: Artemisa em Efeso, Ilissos em Atenas, Dionisio em Teos, Erecteo na Acrópole de Atenas.

Coríntia: capitel mais bem ornamentado com folhas de acanto, rodeavam a parte inferior do capitel, coroado por volutas simétricas ou folhas de lótus ou de palmeira. Os gregos o consideravam como uma variante rica da ordem jônica. Segundo Vitrúvio, o primeiro capitel coríntio foi executado por um ourives em Corinto (as formas frágeis e os finos detalhes são mais apropriados para terem nascido do metal e não do mármore).

A cariátide consistia em um entablamento dórico ou jônico, sobre colunas cujo fuste é uma figura humana a exemplo do Templo Erecteo. A arquitetura e a estatuária se completam mutuamente num todo único e harmonioso. A razão dessa harmonia se dá pelo fato dos escultores e arquitetos gregos praticarem ambas as artes, e serem ávidos na busca da perfeição do traço.

As medidas, por exemplo a altura de uma colunata eram expressas em múltiplos do diâmetro da base do fuste. Dórica 4x e 6x, Jônica 9x, Coríntia 10x. As esculturas nos templos utilizavam o espaço (frontões triangulares, as métopas nos templos dóricos, e os longos frisos nos templos jônicos) para empregar toda a sua arte retratando grandes acontecimentos da vida cotidiana , da história e da mitologia. O efeito do conjunto das esculturas dos frontões era acentuado pela utilização de tinta vermelha, azul e dourada.

O Partenon, que constituía o templo da Deusa Atena, teve sua construção concluída em 436 a.C. Possuía uma estátua da Deusa Atena de ouro e marfim em sua sala principal, que era antecedida por uma antecâmara. No séc. VI d.C. o edifício foi convertido em Igreja, sendo mais tarde convertido em mesquita. No séc. XVII foi utilizado como arsenal e em 1687 sofreu vários danos quando os venezianos cercaram Atenas. Era orientado com sua pronaus para o quadrante leste e media 68x30x18m.

Praticado a partir do séc. V a.C., a construção de esculturas em bronze seguia um processo particular. O artista começava a fazer um modelo de argila que lhe permitia experimentar e fazer correções necessárias numa primeira fase. Podia-se assim acrescentar-se curvas e ajustar contornos de uma forma que o mármore não permitia. Completado o modelo, o artista cobria-o com uma fina camada de cera que lhe dava uma boa indicação sobre a forma como ficaria a estátua de bronze uma vez terminada. Envolvia então o modelo com um molde de argila fixado através de pequenas varas de ferro. A cera era depois derretida, deixando um espaço entre o modelo e o molde exterior. Introduzia-se o bronze em fusão nesse espaço e o molde era depois quebrado.

A planta da casa grega derivou do mégaron, subdividida em uma sala retangular com um pórtico frontal suportado por colunas. Além das civilizações cretenses, o grego sofreram influência egípcia, de povos do mediterrâneo oriental, assírios sendo percebidos nos ornamentos arquitetônicos, flor de lotus, palmas, espirais e volutas que tem sua origem no mundo oriental.

Os gregos também se desenvolveram nas correções de ótica. As linhas retas eram substituídas por linhas curvas. As arquitraves côncavas, paredes internas e colunas eram inclinadas para dentro, ábacos e cornijas sobressaiam das paredes, o fuste das colunas reduzia com a altura e as estrias menos pronunciadas na parte superior diminuíam a sensação de tortuosidade.

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Referências Bibliográficas:

. JANSON,H. W. Arquitetura Grega e Romana. São Paulo: Martins Fontes, 1997. Capitulo – Arquitetura (168-184)
. CARVALHO, Benjamin . A História da Arquitetura. Edições de Ouro
. HISTÓRIA GERAL DA ARTE - ARQUITETURA I,II,III,IV,V,VI . ediciones del Prado. tradução: LETRAS, S, 1995
. MUMFORD, Lewis. A Cidade na História. Ed. Martin Fontes.